domingo, 31 de outubro de 2010

Carine

Eu não sabia como começar esse texto.
Porque não há o que escrevr, não há o que dizer quando a gente se depara com certas coisas.
Carine é uma refugiada do Congo. O marido dela é jornalista e denunciou um esquema que envolvia corrupção policial e diamantes de sangue. Um dia homens armados entraram na casa de Carine e levaram seu marido. Ela não sabe onde ele está, não sabe se ele está vivo. Ela tentou procurá - lo e teve que fugir porque sua busca ficou perigosa demais. Ela fugiu do Congo com sua filha recém nascida e veio pro Brasil.
Na revista onde eu li tudo isso, há uma foto dela. eu olhei e comecei a chorar, ali mesmo, dentro do ônibus lotado.
Carine mora em São Paulo, ela não fala bem o português e está tentando conseguir um emprego, ela está sozinha, não pode voltar pra casa, não sabe nada sobre o que aconteceu com seu marido. Mas está grata. Grata por estar viva.
Eu li essa história e só consegui pensar em como queria encontrá - la e como queria abraça - la. Não sei exatamente porque. Talvez porque eu quisesse que ela soubesse que não está sozinha. Talvez porque imagino que um abraço é capaz de afastar as coisas ruim mesmo por um tempo. Talvez porque eu quisesse dizer : " Estou tão feliz que você está bem, me desculpe, eu queria fazer mais, eu queria fazer tão mais mas ao mesmo tempo eu não sei exatamente o que, eu sou egoísta demais, eu querio que seu marido estivesse bem. Droga, é tão injusto essa porra de mundo em que nós todos estamos e que droga que tudo que eu tenho é um abraço e que merda porque eu só consigo pensar que antes de tudo Carine, você é uma pessoa.Se te cortam você sangra, se a sua família está longe, você sofre. Porque esquecemos disso tão facilmente? Porque é tão difícil enxergar outras pessoas?"
O que fazer?
O que dizer?
Não sei bem porque eu quis escrever tudo isso aqui.

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